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Simpósio internacional debate trabalho e formação profissional Agenda global esteve entre os assuntos em pauta

Em seguida ao Workshop sobre a definição mundial de Serviço Social, o CFESS promoveu o Simpósio Internacional Fundamentos e perspectivas do Serviço Social no mundo: trabalho e formação profissional. Com o apoio do CRESS-RJ, o evento contou com quase 200 participantes, dentre assistentes sociais do Brasil e do mundo, estudantes, além de conselheiros/as do CFESS e de 17 CRESS. O evento ocorreu na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) na tarde do dia 9 de março.

Mesa de Abertura
Na mesa de abertura, a diretora da Faculdade de Serviço Social da UERJ, Cleier Marconsin, registrou o momento como de extrema importância para a categoria em âmbito mundial. “O debate proposto aqui é fundamental, em função da necessidade de que se tenha um avanço no entendimento do Serviço Social enquanto profissão que busca garantir direitos sociais para a classe trabalhadora em todo o mundo”, afirmou.
Após a professora, o presidente do CRESS 7ª Região – RJ, Charles Toniolo, apontou a importância de se fortalecer a discussão sobre “as concepções teóricas, os princípios ético-políticos e a prática do Serviço Social”. “Refletir sobre esses aspectos nos possibilitará a evolução de nossos processos de formação e do próprio exercício do/a assistente social”, disse o presidente.
Para a Coordenadora de Formação Político-profissional da ENESSO, Rayara Fernandes, o Simpósio se torna ainda mais relevante, pois dialoga com sujeitos de organizações profissionais que vivenciam outras realidades. “Enquanto estudantes em processo de formação, queremos participar da história de construção de nossa profissão no Brasil e na América Latina”, frisou a estudante.
Também à mesa, a presidente da Abepss, Claudia Mônica dos Santos destacou a necessidade da discussão da formação profissional à distância em Serviço Social, diante dos dados que apontam que “hoje, temos 541 cursos de Serviço Social autorizados pelo MEC, dos quais 38% já são à distância, o que mostra um dado preocupante para a formação e o exercício profissional”. A presidente também fez a divulgação da nova edição da revista Temporalis, produzida pela associação, bem como de sua versão online.
Finalizando a mesa, o conselheiro do CFESS Maurílio Matos ressaltou a importância da unidade entre os diversos países e organizações ali presentes. “É por meio da troca de conhecimento, do potencial de contribuição que temos tanto na interlocução quanto na apreensão, que conseguiremos fortalecer nosso trabalho de construção coletiva de um Serviço Social mundial, com a reafirmação da defesa intransigente dos direitos humanos e contra a desigualdade e todas as formas de opressão”, conclamou o conselheiro.
Entidades internacionais discutem o tema

Falando conjuntamente, os representantes da FITS e da AIETS iniciaram o debate na mesa “Fundamentos e perspectivas do Serviço Social no mundo: trabalho e formação profissional” e apresentaram o documento inédito Agenda Global para o Serviço Social e o Desenvolvimento Social, que será entregue à ONU pelas entidades internacionais, no próximo dia 26 de março, Dia do Serviço Social nas Nações Unidas.
Para o professor Abye Tasse, ex-presidente da Associação Internacional de Escolas de Trabalho Social (AIETS), uma das principais pautas que tem sido desenvolvida pelas organizações de Serviço Social é a “disposição e o desejo de mudar e de levar mudanças a milhões de pessoas nesse mundo desigual”.
“Com esse embasamento, acredito ser possível a união e a troca entre os profissionais do Serviço Social em todo o mundo. Ressalto que os assistentes sociais latino-americanos tem uma grande força política, que desejo ver mais presente na arena global. A força de vocês e os conhecimentos teóricos e práticos precisam ser mostrados ao mundo”, opinou.
O Secretário-geral da FITS, Rory Truell, abordou os compromissos defendidos pela Agenda Globaldo Serviço Social proposta para o período entre 2012 -2016: promoção da igualdade social e econômica; promoção da dignidade e valor das pessoas, trabalho para o desenvolvimento sustentável, fortalecimento da importância das relações humanas.  “Precisamos trabalhar com comunidades e organizações, de modo a construirmos uma voz nacional e internacional”, observou.
O debate prosseguiu com a presidente da FITS para América Latina e Caribe, Laura Acotto. Ela afirmou que somente com a construção de uma massa crítica de sujeitos coletivos é que se poderá formar uma força capaz de colocar os objetivos da profissão em ação. “Nesse sentido, precisaremos atuar na luta contra políticas assistencialistas, aumentar o intercâmbio nacional e internacional de pesquisas e programas de trabalho, estar ativos nas discussões do Comitê Mercosul, de modo a promovermos a integração da categoria enquanto coletivo profissional em âmbito mundial”, analisou.
Já a presidente da Associação Latino-americana de Ensino e Investigação em Trabalho Social (ALAEITS), Lorena Molina, também defende um posicionamento ético e crítico do/a assistente social, porém vinculado aos desafios socioeconômicos da América Latina. “É fundamental compreendermos as particularidades históricas de nossos países, para que saibamos interpretar a realidade e materializar, de forma crítica, nosso fazer profissional”, alertou.
Finalizando a mesa, a presidente do CFESS, Sâmya Ramos, enfatizou que o simpósio concluiu uma semana de grande trabalho, em um momento aberto para dialogar com a categoria e com os/as estudantes, além das organizações internacionais.  Ressaltou, ainda, que “nos últimos 30 anos, o Serviço Social brasileiro vem fundamentando a articulação entre projeto profissional e projeto societário, processo fundamental que articula a formação e o exercício profissional do/a assistente social. Nessa perspectiva, registro que o Serviço Social no Brasil, vivenciou, neste contexto, um processo de amadurecimento em todas as suas dimensões, considerando, em cada uma delas, suas particularidades, desafios e limites. Neste tempo de luta e resistência no mundo capitalista em crise; devemos nos articular com sujeitos coletivos diversos para refletir e materializar as estratégias necessárias para o enfrentamento dos desafios na construção de um projeto de emancipação humana”, concluiu a conselheira.
Avaliação

Na mesa de encerramento, representando a comissão organizadora, a conselheira do CFESS Esther Lemos agradeceu a todos os que se envolveram na realização do evento, cujo resultado superou as expectativas. Reafirmou o compromisso do Secretário-Geral em recomendar à Assembléia da FITS a língua portuguesa como língua oficial e a necessidade de traduzir o documento da Agenda Global.  Lembrou das atividades realizadas pelos CFESS no Fórum Social Temático de Porto Alegre (RS), ocorrido em janeiro deste ano e propôs que se discutisse, no âmbito do conjunto CFESS-CRESS a possibilidade de realização de um evento internacional sobre a Agenda Global em uma das atividades autogestionárias na edição de 2013 do Fórum.
Além disso, a conselheira avaliou que o simpósio oportunizou a ampliação e socialização do debate junto aos/às profissionais e aos/às estudantes. “A riqueza, intensidade e decisões políticas destes dias de trabalho expressam um marco histórico para o Serviço Social na América Latina e Caribe, trazendo consequências diretas para o trabalho e formação profissionais. Os fundamentos teóricos que orientam tais decisões precisam ser mais fortalecidos para enfrentarmos com lucidez os desafios que nos estão postos. Isto cabe a cada um de nós, às nossas graduações, pós-graduações e nossas organizações políticas”, definiu.
“Gostaria de ver um presidente da FITS vindo da América latina”. Foi com essas palavras que o secretário-geral da entidade, Rory Truell, encerrou sua fala no simpósio, desejando que haja mais reuniões com organizações de países diversos, para o fortalecimento da integração entre os/as assistentes sociais em todo o mundo.
O professor Abye Tasse, ex-presidente da AIETS e coordenador do Comitê para a Agenda Global, finalizou a mesa, convidando a conselheira do CFESS Esther Lemos para integrar o Comitê Executivo que fará o monitoramento da Agenda, representando a América Latina. Também reforçou o convite e o desejo de que as escolas de Serviço Social se filiem à AIETS, na perspectiva de fortalecimento da entidade e do debate sobre a formação profissional em âmbito mundial, dando visibilidade  ao que vem sendo construído na região.

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