Sessão de apresentação de trabalhos acadêmicos abre programação da Semana do/a Assistente Social

Diversidade dos temas abordados revela que a categoria consegue articula teoria e prática no exercício profissional

 

Diversos profissionais, estudantes e pesquisadores do serviço social se reuniram nesta quarta-feira, 13, para apresentar e debater trabalhos acadêmicos, durante a primeira atividade da programação da Semana do/a Assistente Social. O evento é realizado pelo Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) e segue acontecendo até a próxima quarta-feira 13.

 

Com o tema “Profissional de luta, profissional presente!”, a Semana do/a Assistente Social discute este ano o papel deste profissionalna implementação de políticas públicas de seguridade social e na garantia dos direitos humanos. A vasta programação do encontro inclui palestra com a doutora e professora da UFRJ Yolanda Guerra, quinta, e sessão especial na Câmara de Vereadores de Aracaju, sexta, ambos às 9h.

 

Os trabalhos apresentados na tarde e noite desta quarta-feira versam sobre temas relacionados à natureza e ao exercício profissional do Assistente Social, à democracia, direitos humanos, seguridade social, comunicação e cultura, entre outros vários temas. A diversidade de abordagens demonstra que a categoria consegue promover uma forte articulação entre teoria e prática no exercício de sua profissão, no desenvolvimento das políticas públicas e promoção da seguridade social e dos direitos humanos.

 

Para Ingred Palmieri Oliveira, membro da direção do CRESS, a sessão de trabalhos acadêmicos conseguiu articular as três dimensões fundamentais do Serviço Social, pilares da atuação deste profissional: teórico metodológica, ético-política e a técnica operativa, que se complementam, sem se sobrepor. Ela explica que os temas dos trabalhos foram divididos nas seguintes modalidades: Relato ou Sistematização de Experiência,Resultados de Pesquisa e Análise Teórica sobre um tema.

 

A linha teórico metodológica é importante para dar sustentação à nossa profissão e ao nosso trabalho. É fundamental entender a realidade como ela se apresenta para que possamos intervir nela de uma forma mais eficaz, tentando enxergar as demandas que estão postas nas suas múltiplas dimensões”, destacou Ingred.

 

Para a bacharel em Serviço Social, Lívia Teles, a semana do assistente social trouxe pela primeira vez essa perspectiva de abordar dois importantes âmbitos da atuação da categoria: a formação e o exercício profissional. “O assistente social é um profissional tanto interventivo, quanto investigativo. Por isso, é essencial que haja essa interação entre os campos teórico e prática. É preciso que o profissional tenha essa consciência de que deve estar pesquisando em todo o processo, para qualificar sua intervenção”, destacou a jovem Lívia.

 

Uma das pesquisadoras que apresentou trabalho acadêmico na tarde desta quarta-feira, Kamilla Santos da Silva, reforça que a atividade foi um importante espaço de intercâmbio de conhecimentos e experiências entre profissionais e estudantes do serviço social que atuam em áreas distintas. “Este é um momento em que assistentes sociais que tem diferentes atuações se reúnem para haver essa troca de experiência e de informação. O profissional precisa conhecer as outras áreas de atuação do Serviço Social e as políticas públicas, inclusive para encaminhar os usuários que atende de forma adequada”, argumentou.

 

Marxismo e Serviço social

 

Um dos trabalhos da modalidade Análise Teórica sobre um Tema, foi o de Lívia Teles. Seu trabalho, Marxismo e o Serviço Social Brasileiro: Aproximações Sucessivas”, é fruto do seu projeto de conclusão de curso e abordou a dimensão investigativa do Serviço Social. Para isso, explica a autora, foi necessário entender como se deu o processo de inserção do marxismo nas teorias do Serviço Social.

 

Buscamos entender as aproximações sucessivas que aconteceram. Não foi de uma hora para a outra que o Marxismo entrou no Serviço Social. Houve o movimento de reconceituação, o movimento de renovação, nos quais o marxismo foi ganhando força na profissão. Atualmente, o projeto ético-político do Serviço Social é embasado na teoria social de Marx”, informou.

 

Mapa da Vida

 

Na modalidade Relato ou Sistematização de Experiência, Kamilla Santos da Silva apresentou sua pesquisa, que abordou o “Mapa da Vida”, do programa Mulheres Mil, incluído no Pronatec, programa do Governo Federal executado pelo Instituto Federal de Sergipe (IFS). Em seu trabalho, ela e as co-autoras do artigo, descobriram que o instrumento Mapa da Vida, utilizado pelo programa, serve para identificar outras demandas socioprofissionais das mulheres atendidas, a exemplo das que são ou foram vítimas de violência, ou que possuem formação profissional em determinada área. “É uma forma de conhecê-las previamente e potencializar nosso trabalho”, explica Kamilla.

 

O objetivo do projeto é elevar a autoestima e a escolarização dessas mulheres e encaminhá-las para o mercado de trabalho. Então, se podemos identificar previamente que algumas delas possuem experiência como auxiliar de cozinha, por exemplo, basta haver vagas no mercado para esta profissão, que a encaminhamos para um emprego com mais facilidade”, ilustrou a assistente social.

 

Serviço Social e homofobia

 

Outro exemplo de trabalho apresentado durante a Semana do/a Assistente Social foi o de Moisés Santos de Menezes, na modalidade Resultados de Pesquisa.Bacharel em Serviço Social e estudante de mestrado em Psicologia Social pela UFS, ele apresentou uma análise dos crimes de homofobia notificados no Estado de Sergipe na Secretaria de Segurança Pública (SSP) nos anos de 2010 e 2013. Neste processo, ele percebeu que Serviço Social enquanto categoria, por meio dos CRESS e CFESS, possui um papel essencial para o fortalecimento das lutas e mobilizações em defesa dos direitos LGBT e das causas relacionadas às expressões da liberdade sexual.

 

Porém, ele acredita que ainda é preciso quebrar alguns tabus de um grupo que permanece conservador dentro da atuação do Serviço Social. “Nosso papel é viabilizar a garantia de direitos. Se eu, assistente social, me coloco numa situação de passivo diante da realidade e se vou apenas reproduzir aquilo que a cultura heteronormativa gesticula e formula, eu não estou cumprindo meu papel ético e profissional. Nosso Conselho Federal e nossos Conselhos Regionais têm uma postura ampla e firme em defesa dos direitos da população LGBT”, alertou o mestrando.

 

Moisés também identificou que todos os casos de homofobia notificados em órgãos ligados à SSP terminaram sendo registrados como crimes de outras categorias (agressão e ameaça, por exemplo) mesmo que seus Boletins de Ocorrência relatem que a motivação do crime tenha sido decorrente da orientação sexual ou identidade de gênero da vítima. Ele informouainda que Sergipe é um dos Estados brasileiros com mais casos de homofobia do Brasil.

 

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