O dia 21 de setembro, marcado como o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, é uma data estratégica e simbólica para dar visibilidade às pautas da inclusão, da diversidade e do respeito aos direitos humanos. Criado a partir da mobilização de movimentos sociais, o dia tem como objetivo ampliar o debate público e fortalecer ações institucionais voltadas para a promoção da cidadania.
Em entrevista ao Conselho Regional de Serviço Social de Sergipe 18ª Região (CRESS-SE), a assistente social Ingrid Waleska, que atua na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), destacou a relevância desse marco para a sociedade. “Datas como o dia 21 têm um papel estratégico e simbólico na promoção dos direitos e da visibilidade das pessoas com deficiência. Elas funcionam como marcos de mobilização social, permitindo que pautas muitas vezes invisibilizadas ganhem espaço no debate público, nas políticas institucionais e na mídia. Essas datas reforçam o sentimento de pertencimento e valorizam a diversidade humana como parte essencial da sociedade”.
A assistente social da APAE, Ingrid Waleska
Avanços e desafios
De acordo com Ingrid, o país já registra importantes conquistas, frutos da luta de movimentos sociais e da pressão por políticas públicas inclusivas. Entre os destaques estão a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação, ampliando a presença de intérpretes em escolas, serviços públicos e eventos.
Ainda assim, persistem grandes desafios:
- Barreiras atitudinais: o preconceito e a desinformação continuam limitando a participação plena das pessoas com deficiência.;
- Saúde: unidades básicas e hospitais ainda carecem de acessibilidade física, profissionais capacitados e comunicação inclusiva, especialmente para atender pessoas surdas e com deficiência intelectual;
- Educação: muitas escolas não dispõem de recursos pedagógicos, formação docente adequada e apoio especializado;
- Mercado de trabalho: o capacitismo institucional — a ideia equivocada de que pessoas com deficiência são menos produtivas — ainda influencia decisões de contratação e promoção.
O papel da sociedade e do Serviço Social
Segundo Ingrid, a construção de uma sociedade inclusiva exige empatia e responsabilidade coletiva. “Quando cada pessoa assume seu papel e tem empatia pelo próximo, criamos uma cultura de respeito às diferenças e garantimos que todos tenham acesso aos mesmos direitos e oportunidades. É fundamental incentivar a presença dessas pessoas em conselhos de direitos, apoiar movimentos sociais e exigir políticas públicas que assegurem acesso universal à saúde, educação, transporte e cultura”.
Nesse processo, o assistente social tem uma atuação decisiva. “O assistente social desempenha um papel fundamental na promoção e defesa dos direitos das pessoas com deficiência, atuando em diversas frentes para garantir inclusão, dignidade e cidadania. Sua atuação em espaços de controle social, como conselhos de direitos, acaba influenciando decisões e fiscalizando ações governamentais, contribuindo para que os direitos sejam respeitados e a legislação cumprida”, explica Ingrid.
A presidenta do CRESS Sergipe, Dora Rosa Horlacher, reforça a importância do engajamento da categoria nessa pauta. “O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência é também um chamado à nossa categoria para fortalecer o compromisso ético-político do Serviço Social com a defesa intransigente dos direitos humanos. Nós, assistentes sociais, precisamos seguir atentos e ativos para romper as barreiras que ainda limitam a participação plena dessas pessoas, garantindo que inclusão e acessibilidade sejam práticas efetivas e não apenas discursos”.
A presidenta do CRESS-SE, Dora Rosa Horlacher