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CRESS-SE entrevista assistente social indígena no Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas

Neste dia 7 de fevereiro, Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, o Conselho Regional de Serviço Social 18ª Região (CRESS Sergipe) reforça a importância dos profissionais de Serviço Social na defesa dos direitos dos povos indígenas.

Para reforçar a data, o CRESS Sergipe entrevistou a assistente social e indígena do Grupo Indígena Xokó, em Porto da Folha-SE, Elenice Bezerra. Na entrevista, ela conta os desafios e um pouco da história da sua comunidade indígena e traz as principais lutas e reivindicações do seu povo.

Sobre a data

A data relembra o ano de 1756, quando ocorreu o falecimento do nativo guarani Sepé Tiaraju, uma das grandes lideranças indígenas dos Sete Povos das Missões, liderou uma revolta conta portugueses e espanhóis. Em 2021, passados 265 anos da morte do indígena, os povos nativos seguem lutando pelo direito a terra, contra a destruição da natureza e pela demarcação.

O Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas foi instituído pela Lei n° 11.696, de 2008. A data foi instituída para dar visibilidade a essa luta cotidiana, repleta de derrotas, em defesa das causas dos povos originários que têm enfrentado uma série de todo tipo de atrocidades praticadas por quase todos os governos.

Confira a entrevista completa com a assistente social indígena:

CRESS-SE: Como o movimento indígena está organizado atualmente em Sergipe? Fale um pouco sobre a sua comunidade indígena Xokó, em Porto da Folha.

Elenice: Organizados em comunidade, fortalecendo nossa identidade e a partir daí, conquistando respeito, para continuar a luta pela garantia de direitos. Nosso principal líder político é o Cacique, que sempre procura meios para melhorar nossa vida em comunidade.

CRESS-SE: Quais são as principais reivindicações e bandeiras de luta dos povos indígenas atualmente? Como está a articulação em busca de apoio para essas reivindicações?

Elenice: Nossa luta atual é bastante antiga: demarcações do território, manutenção e preservação da nossa terra e sempre enfrentando e combatendo o racismo e o preconceito através da reafirmação de quem somos. Contamos também, com a divulgação da nossa história e cultura, através dos estudantes e pesquisadores que nos visitam. É realizado também, através do CRAS INDÍGENA, oficinas e palestras com os jovens e adolescentes, com o objetivo principal de reafirmar quem somos.

CRESS-SE: O que os governos e órgãos públicos têm feito para apoiar a luta dos povos indígenas?

Elenice: Aqui na minha comunidade, conseguimos a implantação do CRAS INDÍGENA, como um importante equipamento que auxilia na garantia de direitos mesmo enfrentando dificuldades e ainda podemos contar com o apoio da FUNAI, mesmo diante do seu desmonte.

CRESS-SE: Como e quando surgiu a vontade de ser assistente social? E como é atuar como profissional de Serviço Social em sua própria comunidade?

Elenice: A vontade em me formar em Serviço social, surgiu quando estava terminando o ensino médio e sabia que a partir dalí, eu teria que sair da minha Aldeia para ingressar na Universidade. Meu maior desejo era de poder ajudar meu povo, principalmente, através da informação e viabilização dos nossos direitos. Vi essa oportunidade através do Serviço Social, mas não como uma ajuda, e sim como garantia de direitos.

CRESS-SE: Quais os principais desafios, como assistente social, para atuar na realidade do povo indígena?

Elenice: A maior dificuldade tem sido justamente levar a informação sobre o que é de direito e não encontrar meios necessários e suficientes para efetiva-los. Já conseguimos um grande avanço através da implantação do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), mas, temos tido algumas dificuldades, principalmente na questão da nossa localização, que não é de fácil acesso.

CRESS-SE: O que representa para você, como assistente social e indígena, o Dia Nacional dos Povos Indígenas?

Elenice: Vejo como o dia de reafirmação e visibilidade da nossa Luta. É mais uma oportunidade que temos para mostrar que continuaremos a RESISTIR, que somos frutos desta terra e que nada nos impedirá e nem calará NOSSO GRITO.

CRESS-SE: Ainda em tempos de pandemia, como está o atendimento à população indígena? Existe fácil acesso às políticas públicas para a sua comunidade?

Elenice: Enfrentamos muitas dificuldades e preconceito. Tivemos que fechar a Aldeia para evitar uma contaminação ainda maior. Apesar das dificuldades, podemos contar com o apoio da equipe de saúde indígena Xokó.

É importante salientar a falta de políticas públicas voltadas aos indígenas que por diversos motivos, tiveram que sair da sua Aldeia, principalmente, a procura de qualidade de vida.

CRESS-SE: Na sua opinião, ainda existe preconceito com relação ao povo indígena no Brasil? O que precisaria ser feito para mudar essa realidade?

Elenice: Sem dúvidas! O preconceito existe e acredito que sempre vai existir. O que precisamos, primeiro que qualquer outra coisa, é fortalecer nossa cultura, nossos jovens… Precisamos, reafirmar quem somos dentro de nós. Sofremos massacre histórico e hoje, ainda tentam nos culpar pelo modo como vivemos e pelas características físicas que perdemos, mas nossa essência, nossa história e nossa cultura, não morrerá jamais. Continuaremos nossa Luta, reafirmando quem somos e regando nossas raízes.

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