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Semana do/a Assistente Social: História do Serviço Social é tema de palestras

0004 (2)Cerca de 250 estudantes e profissionais de serviço social de todo o Estado lotaram o auditório do Ministério Público para acompanhar as palestras das professoras e formuladoras na área de serviço Social, Maria Carmelita Yazbek (PUC/SP) e Maria da Conceição Vasconcelos Gonçalves, a professora Lica (UFS).

 

As palestras são parte da programação da Semana do/a Assistente Social, idealizada pelo Conjunto CFESS/CRESS e realizada em Sergipe pelo CRESS/SE. A iniciativa tem se tornado, ao longo dos anos, um dos mais importantes momentos de avaliação e reflexão sobre o fazer profissional da categoria. Este ano, diversas atividades foram realizadas pelo evento: ato público, palestra na tribuna da Câmara de Vereadores de Aracaju e Assembleia Legislativa de Sergipe, e contará ainda com o lançamento de um curta-documentário sobre a história do CRESS e do serviço social, além de tradicional confraternização dos/das assistentes sociais.
Em sua palestra, a professora Yazbek fez um profundo resgate da história do serviço social, desde seu surgimento, em 1936, até os dias atuais, ressaltando os momentos de avanços e refluxos das forças progressistas e da organização da classe trabalhadora. “Ao longo da nossa história convivemos com muitas conjunturas adversas, passamos por uma ditadura, passamos por momentos de avanço do ideário conservador e sempre confrontamos a sociabilidade no capital. Construímos mediações para enfrentar as desigualdades e para trabalhar com a população na sua vida cotidiana”, resumiu a professora e pesquisadora.

 

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Yazbek também analisou o cenário político, avaliando que os assistentes sociais convivem cotidianamente com a despolitização da política, com o crescimento do ideário conservador, com a criminalização dos movimentos sociais, com a violência social, doméstica, a discriminação e enxergam diariamente diversas opressões contra a população mais vulnerável. Este é um contexto difícil e tudo indica que será mais difícil a partir de agora, pois vivemos tempos sombrios, tempos de incertezas, caracterizado por transformações na esfera da economia, na política. Por isso, temos de consolidar o nosso projeto”, conclamou a professora.

 

Neste sentido, a presidente do CRESS, Itanamara Guedes, lamentou as primeiras ações da gestão Temer, que assumiu por meio de um golpe de Estado no país. Temer reduziu 10 Ministérios, extinguindo justamente os ministérios responsáveis pelas ações voltadas para a população mais vulnerável do país. “Ele nomeou para o MDS uma pessoa extremamente reacionária. Nós, assistentes sociais teremos muitos desafios, especialmente os que atuam junto à política agrária, de direitos humanos e de assistência social”, lamentou a presidente do conselho.

 

Ela frisou que o caminho para a superação dos grandes desafios postos é fortalecer os assistentes sociais enquanto categoria que se reconhece como classe trabalhadora. “Precisamos fortalecer nossa categoria, por meio de nossas entidades representativas: o conjunto CFESS/CRESS e os sindicatos”, sugeriu.
Itanamara fez um chamamento à categoria para ajudar na construção cotidiana do CRESS Sergipe, seja participando das ações realizadas pelo conselho, seja fortalecendo financeiramente a entidade, por meio do pagamento da anuidade Ela explicou que, para manter o conjunto CFESS/CRESS de forma autônoma, combativa e com independência financeira e administrativa, é preciso que a organização se autofinancie, por meio de sua categoria. “Quanto mais organizadas estiverem as organizações da classe trabalhadora, mais avanços terá o serviço social e mais avanços terá a sociedade brasileira. O conselho somos todos nós”, resumiu Guedes.

 

A resistência e a luta está no nosso sangue. Por isso, assistentes sociais e estudantes, formados em épocas e instituições distintas, vamos fortalecer a nossa profissão e nosso compromisso com o trabalhador. O concreto é sempre a base para impulsionar as transformações. Luta, direito, liberdade e esperança são nossas palavras de ordem”, completou a professora Maria Conceição Vasconcelos Gonçalves.

 

Assim com a palestra de Yazbek, a explanação da professora Maria Conceição Vasconcelos Gonçalves foi um verdadeiro resgate do serviço social, porém no âmbito estadual, desde o surgimento da primeira escola de Serviço Social, até os dias atuais. Conduzida com muita leveza e consistência, a palestra traçou um histórico e contou histórias do serviço social em Sergipe pelo olhar de quem vivenciou mais de trinta anos a profissão e acompanhou de perto boa parte das lutas travadas pela categoria no Estado.
Ao analisar o cenário atual, a professora Maria Conceição destacou a necessidade de aprofundamento dos preceitos do projeto ético-político do serviço social no cotidiano da profissão. “Estamos passando por um momento muito sério em que os grupos de estudo, encontros e diálogos precisam fazer parte de nosso cotidiano, A gente tem de voltar a discutir temas que eram básicos e que são caros ao serviço social, independente da época”, avaliou.

 

80 anos de história

 

Ao contar a história do Serviço Social, Yazbek ressaltou que o nascimento da profissão esteve intimamente ligado à doutrina e ao método da igreja católica. “Nossa historia foi rondada pelo pensamento conservador. Era um pensamento doutrinário, de cunho humanista conservador, contrário as alternativas socialistas e liberais. Era a chamada terceira via”.
Nos anos 1970, contou a teórica, o serviço social viveu o momento de reconceituação, quando a profissão na América Latina latina passou a questionar seus referenciais teóricos, técnico-operativos, políticos. A reconceituação refletiu o momento de profundas transformações no sistema capitalista e a efervescência dos questionadores anos 1970. “O chamado terceiro marco foi o momento da apropriação do marxismo pelo serviço social”, explicou a teórica, citando o Congresso da Virada como um marco que refletiu este cenário, já no início dos anos 1980. “As redefinições da ordem capitalista sempre provocam mudanças na nossa profissão”, resumiu a professora.

 

Yazbek apontou que, a partir dos anos 1990, a profissão viveu um momento de consolidação, marcado pela ampliação da produção de conhecimento e fortalecimento da academia. O momento também foi marcado ainda pelo crescimento das Organizações Não Governamentais, que refletiam a perspectiva privatizadora e crescimento do neoliberalismo no país.

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