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A contribuição do Serviço Social com a causa das pessoas surdas

O Dia Nacional da Libras, comemorado em 24 de abril, é uma data importante para a comunidade surda, pois a visibilidade desse dia é um momento de combate à exclusão e aos benefícios da vida em sociedade. Mas essa não deve ser apenas uma luta dos surdos, e sim de toda a sociedade.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas surdas, no Brasil, passa dos 10 milhões. Mesmo com a lei que determina o uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras), essas pessoas ainda enfrentam muitas dificuldades para acessar serviços básicos.

O assistente social Fábio dos Santos Barbosa, da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da Universidade Federal de Sergipe e do Núcleo Permanente do Hospital de Urgência de Sergipe, destaca que a data chama a atenção da sociedade e ratifica a importância da inclusão e acessibilidade das pessoas surdas em todos os espaços.

O Serviço Social, tem contribuído de diversas formas, com a causa das pessoas surdas e Fábio dos Santos Barbosa acredita que apesar dos desafios, a categoria pode avançar ainda mais. “Podemos aprender Libras para melhorar a comunicação com os(as) usuários (as), estar sempre buscando a inclusão da língua e da acessibilidade das pessoas surdas em todos os espaços, sobretudo, por que grande parte da categoria trabalha na esfera pública que tem isso como dever. É importante ficar atento (a) à defesa da prioridade do atendimento a esse segmento nos nossos espaços ocupacionais e acompanhar as mudanças na legislação, nas formas de acesso aos direitos, bem como na oferta de serviços específicos para esse público. Por exemplo, na socialização da Central de Libras de Sergipe, que é o serviço que deve ser acionado quando a pessoa surda se dirige a qualquer estabelecimento público da rede e não há intérpretes na instituição”, explica ele.

O assistente social Fábio dos Santos Barbosa chama a atenção da sociedade e ratifica a importância da inclusão e acessibilidade das pessoas surdas em todos os espaços

A assistente social Juliane Barbosa Tavares, que atua no Instituto Pedagógico de Apoio a Educação do Surdo de Sergipe (IPAESE), lembra da importância do Dia Nacional da Libras para todos os brasileiros “no sentido de refletir sobre a inclusão das pessoas surdas na sociedade. Porém, é uma celebração ainda maior para as pessoas surdas pois se caracteriza como um marco histórico para garantir direitos e representatividade dessa população que tem a Libras como sua forma de comunicação oficial. Esse é um dia para garantirmos a ampla visibilidade da Língua”.

Ela acredita que os assistentes sociais contribuem de forma significativa na inclusão das pessoas surdas, pois reconhece as lutas e pautas prioritárias dessa comunidade leva em consideração sua cultura linguística diferente. “A partir desse reconhecimento, os profissionais podem agir em defesa e viabilização dos direitos da comunidade surda, exigindo a implementação e o acesso a políticas públicas respeitando sua comunicação oficial, a Libras. A inclusão de pessoas surdas só poderá ser efetivada quando toda a sociedade compreender a importância da Libras para o desenvolvimento e autonomia dessa comunidade”, pontua Juliane.

A assistente social Juliane Barbosa Tavares, lembra da importância do Dia Nacional da Libras para todos os brasileiros

Glossário Terminológico em Libras

Em 2023, o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) lançou um glossário terminológico em Libras, com as principais expressões usadas no Serviço Social e no trabalho profissional.

De acordo com Juliane Barbosa Tavares, o impacto do glossário em Libras é garantir um atendimento acessível, respeitoso e inclusivo para a comunidade surda. “O glossário é de suma importância para pessoas surdas que desejam cursar Serviço Social, pois auxilia na compreensão da profissão na formação profissional e precisamos pensar nos surdos ocupando o espaço da academia”, acrescenta.

Para o assistente social Fábio dos Santos Barbosa, houve um avanço importantíssimo na direção da materialização do projeto ético-político da categoria. “Coloca o Serviço Social entre as profissões que se somam à luta anticapacitista e pelo fim da discriminação de um segmento que carrega um histórico de exclusão social gigantesco. O glossário é um material concretiza parte importante dos instrumentos de trabalho na direção daquilo que defendemos cotidianamente como direitos humanos e equidade social. Não tenho dúvidas que o reconhecimento da necessidade de aprender a comunicação em Libras irá melhorar a nossa relação com a população surda, afinal, estamos do mesmo lado na construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, destaca o profissional.

Luta histórica

Fábio dos Santos Barbosa relembra que nos últimos três séculos, os surdos estiveram à margem, mas os processos de luta protagonizados principalmente por eles (as), desde os tempos do Império – não podemos esquecer que o Instituto Nacional de Educação do Surdo (INES), foi criado por D. Pedro II, vem possibilitando a criação de mecanismos para reduzir a exclusão social, ampliar o ensino de libras, a formação de intérpretes e melhorar a comunicação entre pessoas surdas e ouvintes. “Vale lembrar também que a pauta sempre foi uma bandeira da esquerda brasileira. A Lei que temos hoje partiu originalmente da proposta apresentada pela então Senadora Benedita da Silva, do Partido dos Trabalhadores, no final da década de 1990. As cotas nas universidades e nos concursos públicos também fazem parte dessa luta incessante pela inclusão das pessoas com deficiência, conta o assistente social”, observa o assistente social.

Publicações

Você já conhece os documentos e publicações disponíveis para conhecer mais sobre a luta anticapacitista no Serviço Social? Dentre estes, há a Resolução CFESS nº 992/2022, que “estabelece normas vedando atos e condutas discriminatórias e/ou preconceituosas contra pessoas com deficiência no exercício profissional do(a) assistente social, regulamentando os princípios II, VI e XI inscritos no Código de Ética Profissional”.

Também está disponível o livro “Anticapacitismo e exercício profissional: perfil de assistentes sociais com deficiência”, que traz o resultado da pesquisa realizada em 2022, com assistentes sociais com deficiência e levanta reflexões no campo das condições éticas e técnicas de trabalho.

Clique e acesse o Código de Ética da(o) Assistente Social em Libras

O livro Anticapacitismo está disponível acesse

Acesse o Glossário Terminológico em Libras

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