Dia 10 de outubro, uma data que marca o Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher, além de destacar a importância da mobilização social e política para combater as diversas formas de violência que atingem mulheres em todo o país. A violência de gênero é um problema estrutural e persistente, que se manifesta de forma física, psicológica, sexual e patrimonial.
Nesse contexto, as (os) assistentes sociais desempenham um papel fundamental na promoção de direitos, acolhimento e no encaminhamento das vítimas para a rede de proteção e apoio. Edlaine da Silva Sena, coordenadora de Políticas para as Mulheres de Aracaju e responsável pelo Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, destaca os desafios e a importância desse trabalho.
De acordo com Edlaine da Silva Sena, um dos principais obstáculos enfrentados pelos (as) assistentes sociais é garantir o acesso das mulheres às políticas públicas. “Infelizmente, muitos profissionais de outras áreas não atuam com a perspectiva de gênero, o que, aliado ao machismo presente em várias esferas, compromete a resolutividade dos atendimentos”, explica. Nesse cenário, a formação contínua e a sensibilização dos profissionais são pontos-chave para superar essas barreiras e garantir o atendimento adequado às vítimas.
Edlaine da Silva Sena
Além do atendimento emergencial, as (os) assistentes sociais também desempenham um papel crucial na construção de uma rede de apoio eficaz. “Conhecer os fluxos e protocolos dos diversos serviços é fundamental para definir estratégias de intervenção adequadas”, afirma Edlaine. A articulação entre os serviços e a orientação acerca dos direitos sociais são imprescindíveis para as mulheres alcançarem a conscientização e a autonomia, muitas vezes profundamente afetada pela violência doméstica. “A violência impacta diretamente a autoestima das mulheres, e o acompanhamento adequado pode ser um caminho para a ruptura do ciclo de violência”, completa.
Para além do atendimento imediato, Edlaine ressalta a importância de medidas preventivas e educativas. “Os ciclos de diálogos são uma ferramenta eficaz na prevenção. É preciso levar informação e desnaturalizar comportamentos violentos, especialmente entre os jovens”, afirma. Ela também reforça a necessidade de uma articulação mais forte entre o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e as políticas públicas para melhorar o atendimento. “O enfrentamento à violência de gênero exige uma superação do modelo patriarcal, e a transversalização dessa pauta nas políticas públicas é imprescindível para garantir ações afirmativas e equânimes”, conclui.
Nesse cenário, o Conselho Regional de Serviço Social de Sergipe 18ª Região (CRESS-SE) reforça a necessidade de fortalecer a rede de assistência às mulheres em situação de violência e de garantir condições de trabalho adequadas para os profissionais que atuam na linha de frente desse atendimento. O CRESS-SE defende a ampliação de serviços especializados, como os Centros de Referência de Atendimento à Mulher, e a necessidade de concursos públicos para assegurar que mais assistentes sociais possam atuar nesse campo de forma estruturada, promovendo uma sociedade mais justa e igualitária, livre da violência de gênero.