Ao lado de mais de três mil Assistentes Sociais e estudantes de Serviço Social de todo o Brasil, o CRESS Sergipe participou do maior congresso da categoria no país: o 15o Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS), uma realização do CFESS, CRESS-PE, Abepss e Enesso.
Realizado na cidade de Olinda entre os dias 5 e 9 de setembro, o evento é um importante momento de organização política da categoria. Ao debater a conjuntura do golpe e do governo ilegítimo de Michel Temer, marcado pelo desmonte das políticas sociais e pelos ataques à classe trabalhadora, o evento ajudou a consolidar a unidade da categoria em torno da luta diante deste cenário de profundo retrocessos no Brasil. Sob gritos de resistência, os Assistentes Sociais e estudantes de Serviço Social bradavam “Fora Temer”.
Com o tema os “80 anos do Serviço Social no Brasil – a certeza na frente, a história na mão”, o evento comemorou algumas datas significativas para a trajetória da profissão: Os 80 anos de criação do primeiro curso e o início do Serviço Social no Brasil; os 60 anos de fundação da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Abepss); e os 20 anos de criação das Diretrizes Curriculares.
Representado pela presidente da entidade, Itanamara Guedes, o CRESS/SE esteve presente nas conferências, sessões temáticas, além de ter prestigiado apresentações de trabalhos dos estudantes e profissionais de Serviço Social de Sergipe.
Na mesa de abertura, Ana Elisabete Mota, professora da UFPE, e Marilda Iamamoto, professora da UERJ, rememoraram a história da profissão, criticaram o cenário de golpe no país e destacaram os rebatimentos dessa conjuntura no exercício profissional dos/as assistentes sociais, ressaltando os e desafios da categoria no sentido de defesa dos direitos da classe trabalhadora.
Unidade da esquerda contra o golpe
Durante a conferência “Superexploração do trabalho, destruição dos direitos e a organização da classe trabalhadora”, Itanamara Guedes refletiu acerca do papel, das estratégias e táticas da esquerda brasileira na promoção da unidade política para enfrentar o atual cenário de golpe. Ela lamentou a fragmentação e divisionismo dos movimentos sindicais, populares e da própria esquerda, embora tenha reconhecido a efervescência das lutas sociais no momento atual.
Considerando a concepção do professor José Paulo Netto, conferencista da mesa, de que o proletariado continua sendo a classe capaz de realizar transformação social, Itanamara questionou “como se dará a urgente reorganização da classe trabalhadora para lutar e promover as mudanças que o Brasil precisa, se a maioria dos sindicatos dos trabalhadores da indústria e do setor do serviço estão sob o controle das centrais sindicais patronais” apontou, questionando ainda sobre como a classe trabalhadora organizada no país poderá construir uma greve geral diante deste cenário de controle por parte da classe patronal.
Neste sentido, Guedes encorajou ainda os/as assistentes sociais a se unificar enquanto categoria, a se reconhecer como classe trabalhadora, se sindicalizar para encampar as lutas da classe trabalhadora a fim de fortalecer as estratégias de resistência ao golpe.
Itanamara reforçou ainda a importância dos partidos de esquerda para a organização da classe trabalhadora e questionou ao professor Jose Paulo Netto em torno de qual partido as organizações do proletariado devem se unificar. “Levando em conta que, segundo a tradição marxista, o partido é o sujeito político capaz de aglutinar as lutas sociais, qual partido será capaz de dar unidade e direção à classe trabalhadora?”, questionou Itanamara.
Reunião ABEPSS
Ao lado de coordenadores, professores e estudantes dos cursos de graduação e pós graduação de serviço social e representantes do CRESS dos Estados do Nordeste, a presidente do CRESS/SE participou ainda da Reunião Nordeste da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), que antecedeu o Congresso.
Durante o encontro, foram discutidos alguns dos principais desafios no campo do ensino e pesquisa em Serviço Social, a exemplo do aprofundamento do debate sobre a política de extensão, estágio, residência multiprofissional na saúde, entre outros. “A reunião foi um imporatnte espaço de repasse e avaliação das ações da ABEPSS”, resumiu Guedes.
Grito dos Excluídos
Ao lado de milhares de assistentes sociais e estudantes de serviço social de todo o Brasil e representantes de movimentos sociais, populares, juvenis, sindicais e feministas, a presidente do CRESS/SE, Itanamara guedes participou do Grito do Excluídos, na cidade de Recife, na manhã desta quarta-feira, 7 de setembro. O ato, realizado todos os anos de forma simultânea em diversas capitais brasileiras, debateu este ano as diversas opressões geradas pelo sistema capitalista, com o tema “Vida em primeiro lugar – Este sistema é insuportável: exclui, degrada e mata”.
O Grito dos Excluídos é consolidado como espaço histórico de defesa da democracia, resistência aos retrocessos no campo dos direitos humanos, sociais e trabalhistas, bem com uma ação que aglutina diversos segmentos da sociedade e dos movimentos sociais, populares e sindicais, em torno de uma pauta comum. Ao participar do ato, a presidente reafirmou o compromisso do conselho de classe “com seu projeto ético-político e com a construção de um novo modelo de sociedade, justa e livre de opressões”.
Foto: Assessoria de Comunicação/CFESS