O Dia do(a) Professor(a) representa uma oportunidade para reconhecer e valorizar a importância de quem dedica a sua vida à educação. No caso do Serviço Social, à docência cumpre um papel ainda mais desafiador e essencial, como afirma Flávia Augusta Santos de Melo Lopes, professora do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Sergipe. Com 13 anos do início do exercício da docência, ela ressalta que a sala de aula reflete as contradições da própria sociedade, e o ensino em Serviço Social deve estar profundamente alinhado aos princípios de justiça social e transformação coletiva da realidade.
Entre os principais desafios enfrentados no cotidiano da docência, Flávia Augusta destaca a precariedade no financiamento da educação, a falta de condições institucionais adequadas e o cenário de retrocessos nas políticas públicas. Esses obstáculos não só impactam a qualidade do ensino, mas também exigem das(os) docentes uma postura crítica e engajada, especialmente em um contexto que demanda a reflexão sobre a exploração da força de trabalho e a redução de direitos.
O ensino em Serviço Social, para Flávia Augusta, precisa ser orientado por uma perspectiva anticapitalista, antissexista, antirracista e antifascista, entre outras frentes de luta. A formação acadêmica, segundo ela, deve capacitar as(os) futuras(os) assistentes sociais a compreender a realidade social e a atuar de forma crítica, sempre buscando o combate das desigualdades e a ampliação do acesso aos direitos sociais. Nesse sentido, a sala de aula se torna um espaço fundamental de resistência e construção coletiva.
Flávia Augusta Santos de Melo Lopes, professora do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Sergipe
As demandas das(os) estudantes também refletem uma mudança no perfil acadêmico e social. Muitos(as) deles(as), segundo Flávia Augusta, são trabalhadores(as), mulheres e oriundos(as) de áreas periféricas da região metropolitana da Grande Aracaju e de municípios do interior sergipano. A necessidade de permanência estudantil, acesso a bolsas, transporte e moradia são questões urgentes que precisam ser tratadas pela universidade. Além disso, há uma preocupação crescente com a inserção no mercado de trabalho, o que reforça a importância de uma formação sólida e comprometida.
Celebrar o Dia do(a) Professor(a) é, portanto, mais do que um momento de reconhecimento. É uma data para reafirmar a necessidade de valorização da carreira docente e refletir sobre as condições de trabalho enfrentadas pela categoria, assim como os desafios postos a política de educação no Brasil. Como Flávia ressalta, essa luta é parte das reivindicações mais amplas da classe trabalhadora, e não pode ser criminalizada ou desmerecida. A educação, especialmente no campo do Serviço Social, desempenha um papel crucial na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Para a professora Flávia Augusta, as datas são sempre momentos de reafirmação e reflexão. “Sinto muito orgulho em ser assistente social e professora. Este orgulho está alicerçado em uma história que é familiar, mas também construída durante todo o meu percurso na educação básica e superior. Minhas professoras e meus professores estimularam uma formação crítica, posicionada e comprometida com os desafios do mundo em que vivemos. Precisamos nos indignar com a imagem que ‘alguns gestores’ constroem sobre a figura do professor e professora, a exemplo da recente fala que o governador do nosso estado fez sobre os professores. A luta por melhorias das condições de trabalho e da carreira docente não pode ser diminuída, menosprezada ou criminalizada. Ela compõe parte das lutas mais gerais da classe trabalhadora que, sempre reivindicou e se posicionou”, declara.
