Fascismo. Este foi o tema central da discussão e das reflexões realizadas no fim da tarde desta quinta-feira, 08, pelo CRESS Sergipe, durante a primeira edição do projeto Café com Debate. Exibido no início das atividades, o filme “A onda: a contaminação fascista” (Die Welle, 2008, Dir. Dennis Gansel) foi o fio condutor para as discussões acerca do cenário sociopolítico em que vive o Brasil pós golpe.
“‘A onda’, mostra como o autoritarismo é absorvido, legitimado e reproduzido como modelo de organização coletiva, sobretudo em grupos em que falta um projeto de vida mais consistente”, apontou Auxiliadora Rosa, assistente social da base que prestigiou o debate. “O fascismo não é um regime imposto por um governo autoritário simplesmente. Para ele se sustentar, é preciso que ele se enverede no imaginário da população”, completou a presidente do CRESS Sergipe, Joana Rita Monteiro Gama.
O filme retrata uma espécie de “experiência pedagógica” de um professor de ensino médio, Rainer. Com a tarefa de instruir seus estudantes sobre o Estado Autocrático, Rainer decide deixar seus alunos desenvolverem o tema do projeto semanal de estudos vivenciando na prática a organização social de um regime autocrático. Porém, o educador perde o controle da situação e os adolescentes passam a se organizar num modelo muito próximo ao nazi-fascismo.
“O filme foi fundamental para entender o tempo que estamos vivenciando, de crescimento do autoritarismo sob vestes de democracia”, resumiu André Dória, conselheiro do CRESS Sergipe, que conduziu os debates na noite desta quinta-feira.
Como nasce e cresce o fascismo
De maneira muito didática e sob um enredo envolvente que conta uma história baseada em fatos reais, a obra apresenta as principais estratégias utilizadas por governos autocráticos para manipular as massas e se fortalecer. “A escolha de um líder carismático; a criação do sentimento de unidade; a eliminação das supostas ‘diferenças’ com o objetivo de excluir e banir as divergências; o uso da disciplina para o controle e a adoção de um inimigo em comum são algumas estratégias abordadas na obra”, completou André.
Uma das estratégias que fica nítida no suposto ‘experimento pedagógico’ retratado no filme é o uso massivo de comunicação para reforçar o sentimento de unidade. “Por compreender que a comunicação é instrumento de controle, uma das estratégias dos regimes autoritários é investir na comunicação institucional e, sobretudo, banir a contrainformação por meio da censura”, avaliou a presidente do regional, Joana Rita.
Projeto Café com Debate
Idealizado pelo CRESS Sergipe o projeto Café com Debate surge com o objetivo de promover, de forma lúdica, a discussão e a reflexão acerca das bandeiras de luta dos/as assistentes sociais, do cenário sociopolítico e de aspectos das expressões da questão social à luz do Código de Ética da categoria. O evento acontece todas as segundas quintas-feiras de cada mês, sempre na sede do CRESS Sergipe.
Outro diferencial do projeto é o uso das ferramentas de comunicação instantânea. Os debates são transmitidos pela página do CRESS Sergipe no Facebook, permitindo a interação e o debate instantâneo e ampliando a possibilidade de participação da categoria.