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Dia da Pessoa Surda: Desafios no Atendimento

Em 26 de setembro, é uma data a ser lembrada, o Dia Nacional da Pessoa Surda, uma data que visa não apenas promover a visibilidade da comunidade surda, mas também reforçar a importância de garantir acessibilidade e inclusão em diversos setores da sociedade.

No âmbito da assistência social, especialmente nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e nos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), os desafios enfrentados pelos profissionais da assistência social e pelas pessoas surdas ao buscar atendimento continuam a ser um tema urgente.

Para entender melhor essas questões, conversamos com Mariana Hora, assistente social surda do Tribunal de Justiça de Pernambuco. Mariana trouxe à tona desafios diários enfrentados pela comunidade surda e destacou possíveis caminhos para garantir um atendimento mais humanizado e inclusivo.

Falta de profissionais fluentes em Libras

O primeiro grande obstáculo apontado por Mariana é a falta de profissionais fluentes em Libras (Língua Brasileira de Sinais) nos serviços de assistência social. “As pessoas surdas, ao buscarem atendimento nos CRAS e CREAS, geralmente enfrentam a barreira da comunicação. A ausência de profissionais capacitados para se comunicar em Libras faz com que, muitas vezes, não sejam compreendidas em suas necessidades mais básicas”, ressalta.

Esse desafio compromete o atendimento integral que os serviços de assistência social devem oferecer, criando uma lacuna na garantia de direitos das pessoas surdas. O desconhecimento da cultura surda, que vai além da simples comunicação, também contribui para que os atendimentos não sejam eficazes.

Preparação dos profissionais de assistência social

Para que o atendimento seja realmente inclusivo, a preparação dos profissionais de assistência social é essencial. Segundo Mariana, “os profissionais precisam fazer, ao menos, cursos básicos de Libras, para que possam receber as pessoas surdas de forma mais adequada”. Ela acredita que, mesmo com noções básicas da língua, a comunicação inicial já seria facilitada e contribuiria para um acolhimento mais digno e respeitoso. Lembrando que os gestores podem e devem investir na capacitação dos profissionais.

Outro ponto essencial é a necessidade de trabalho em conjunto com intérpretes. A presença de intérpretes de Libras nos atendimentos ainda é um recurso pouco utilizado, o que reforça a exclusão da comunidade surda nos serviços de assistência social. Falta iniciativa das instituições públicas para a contratação dos intérpretes de Libras.

A importância de uma Central de Libras

Além da formação dos profissionais, Mariana sugere a implementação de um serviço municipal de interpretação de Libras. “É preciso que as prefeituras disponibilizem uma ‘Central de Libras’, um serviço que possa encaminhar intérpretes para realizar o atendimento junto aos profissionais do serviço procurado pela pessoa surda”, explica.

Essa central garantiria que as pessoas surdas pudessem acessar os serviços públicos de maneira igualitária, sendo compreendidas em sua língua e cultura, além de permitir que os profissionais dos CRAS e CREAS atuem de forma mais eficiente.

O impacto da presença de assistentes sociais surdos/as

Mariana também destacou o quanto a presença de assistentes sociais surdos(as) pode ser transformadora nas instituições. “A presença de qualquer profissional surdo no espaço já contribui para forçar mudanças na instituição/serviço. Sendo assistente social, com sua formação e vivência na comunidade surda, a contribuição é ainda maior”, afirma.

A vivência direta de assistentes sociais surdos permite um atendimento mais sensível, tanto pela empatia quanto pela experiência em lidar com as demandas da comunidade. Esses profissionais podem promover transformações institucionais, incentivando a acessibilidade e a inclusão em todos os níveis do serviço.

Caminhos para a inclusão

O atendimento das pessoas surdas nos CRAS e CREAS precisa evoluir para garantir que seus direitos sejam respeitados e que tenham acesso igualitário aos serviços de assistência social. A capacitação dos profissionais em Libras, a presença de intérpretes e a inclusão de assistentes sociais surdos(as) são passos importantes para que a inclusão não seja apenas um conceito, mas uma prática real.

Neste Dia da Pessoa Surda, é essencial que refletimos sobre essas barreiras e nos comprometamos com a construção de um sistema de assistência social verdadeiramente inclusivo, em que todos, independentemente de suas condições, possam ser atendidos com respeito e dignidade.

Importante frisar:

1- Que essas situações de falta de acessibilidade comunicacional para pessoas surdas não se resumem à área de assistência social. Infelizmente, se repetem em todos os espaços sociocupacionais que tenham assistentes sociais.

2- Fazer cursos básicos de Libras ajuda a(o) assistente social a conhecer a língua, a cultura surda e a realidade social dessas pessoas, mas só um curso básico não torna uma pessoa fluente na língua, muito menos intérprete.

3- Professor(a) de Libras e tradutor-intérprete de Libras são profissões diferentes, exigem formações diferentes.

4- Apps de tradução automática, com “avatar”, não devem ser usados para atendimento em serviços públicos, pois não são confiáveis, não traduzem adequadamente.

5- Não custa reforçar:  não se deve dizer “surdo-mudo” (o correto é apenas surdo(a) ou pessoa surda), nem dizer “linguagem de sinais” (o correto é língua de sinais).

 

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