A natureza da atuação do serviço social é engajada na luta social e faz a defesa de uma sociedade pautada pelos princípios da igualdade e da liberdade, da justiça social e das políticas públicas. Ao lado dos trabalhadores e dos movimentos sociais, a categoria esteve presente e protagonizou algumas das principais frentes de luta ao longo das últimas décadas no Brasil.

 

Quando, no final dos anos 1970 e ao longo da década de 1980, o Brasil vivia a efervescência das lutas pela redemocratização, em defesa da classe trabalhadora e por uma nova constituição, os assistentes sociais se engajaram na construção dessas bandeiras, participando dos movimentos sociais, populares e sindicais.

 

Nesse contexto, um dos marcos para o Serviço Social, foi o Congresso da Virada (CBAS), em 1979, quando a categoria deu uma nova direção ético-política à profissão. O projeto profissional passou a ser vinculado à defesda do projeto societário da classe trabalhadora, tendo com referência a aprovação do currículo mínimo, de 1982, e o Código de Ética, de 1986. Estes instrumentos passaram a apontar os princípios que regem a profissão, como a defesa da democracia e da liberdade e a luta pela construção de uma nova ordem societária, justa, igualitária e livre de exploração e de opressões.

 

Nos anos 1990, o país vivenciou um verdadeiro desmonte das políticas sociais por parte do Estado neoliberal. O serviço social e os profissionais da área enfrentaram este cenário reafirmando seu compromisso em defesa da classe trabalhadora e amadurecendo seu projeto ético-político.

 

O marco desse amadurecimento se deu por meio da Lei  N° 8.662, que regulamenta a profissão, mas também através da atualização do Código de Ética da Profissão, ambos em 1993, e da criação das diretrizes curriculares, em 1996.

 

A categoria permaneceu participando da construção das principais lutas sociais dos país, através da participação direta e do apoio aos movimentos sociais e aos conselhos de políticas públicas.

 

Nos anos 2000, o Brasil e a América Latina passaram por um novo ciclo de governos firmados no campo democrático e popular. Esse contexto trouxe alguns avanços, sobretudo com a ampliação das políticas sociais e a partir da implantação do Sistema Único de Assistência Social, o SUAS, em 2005. Hoje, o SUAS se configura o principal campo de atuação dos Assistentes sociais. Também tiveram espaço para avançar outras politicas sociais que estão vinculadas aos Direitos Humanos e minorias sociais, aliadas à instituição dos conselhos de direitos.

 

A partir dessa ampliação, aliada ao processo de descentralização das políticas públicas, a década foi marcada pela interiorização da profissão, de modo que os/as assistentes sociais passaram a atuar nos municípios do interior do país e nas mais diversas áreas de políticas públicas. Isso permitiu a ampliação do serviço social, seja nas novas politicas criadas ou na ampliação das políticas já existentes. Assim, o Serviço Social continuou reafirmando seu compromisso ético-político, ajudando a construir as novas políticas sociais, sem deixar de reafirmar seu posicionamento contrário ao projeto neoliberal.

 

Na conjuntura atual, a luta de classes no país se acirrou, com o crescimento dos setores mais conservadores da sociedade que ameaçam a democracia defendendo o fortalecimento do projeto neoliberal e a exclusão da classe trabalhadora do processo de participação social e controle do Estado. Vivenciamos também o crescimento de uma onda ultra-conservadora, cujo objetivo é flexibilizar e retirar direitos conquistados pela classe trabalhadora e por setores historicamente desfavorecidos e discriminados: negros e negras, juventude, crianças e adolescentes, população LGBT, mulheres, entre outros.

 

Mesmo diante das adversidades, os assistentes sociais seguem reafirmando suas lutas, reafirmando os limites do sistema capitalista, defendendo as políticas sociais e reafirmando a importância de não retroceder, mas de avançar e aprofundar nossa democracia para construir um modelo de democracia substantiva e real, combinando as liberdades individuais e coletivas, a participação social e os direitos sociais, trabalhistas e previdenciários.